Reflexão sobre o post anterior.
“Conheço as tuas obras, que nem é frio nem quente; quem dera foras frio ou quente!
Assim, porque és morno, e não é frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.”
Ap 3: 15-16
Talvez a inquietação diante do rumo que o cristianismo tem tomado neste mundo não seja só encanação da minha alma por natureza agitada. Talvez realmente esteja acontecendo algo de muito errado. Onde é que as coisas se perderam? Quando foi que o Amor e a Graça de Deus deixaram de ser o foco principal da vida cristã para dar lugar ao falso moralismo, aos ritos, à religiosidade que entristece o coração de Deus?
Onde está a luz? Piscando, semi-apagada, fraca...?
E o sal? Insosso, faltante, errante...
É triste constatar que, infelizmente, há muito joio no meio do trigo e que esse joio, às vezes, acaba se misturando e deixa um sabor amargo na massa. A grande questão é que o crescimento do joio tem aberto lacunas enormes no coração humano. No meio do sambalelê de ideologias, credos, crenças e da relativização de tudo, a diferença cristã pode surtir o efeito contrário, pelo mau uso da Palavra de Deus. Preocupante.
Sei que há pessoas que buscam fazer a diferença sim, por outro lado vejo uma geração que, talvez, ainda não tenha entendido o que é vida com Deus (E não falo com o dedo apontado para o seu nariz não). E por não entender, continua a transparecer ao mundo que seguimos apenas “mais uma ideologia”, uma maneira bonitinha de se viver, com regras definidas por um ser superior que nos diz exatamente o que fazer, em troca de um dia alcançarmos a vida eterna, lá no céu.
Mas eu me recuso a fazer parte disso. Diante de notícias como a que acabamos de ler, me sinto na obrigação de dizer: Não, meus queridos, ser cristão não é apenas ter uma ideologia, muito menos ser controlado. Se existe a hipocrisia? Infelizmente, sim. Mas vida com Deus não é um montinho de regras e ritos que você segue pra garantir seus tijolinhos no céu. Mesmo porque nem que fizéssemos todo o bem do mundo, não poderíamos garantir nem sequer um tijolinho...A Graça de Deus não se compra, é de GRAÇA, como o próprio nome diz.
Contraditoriamente ao que muitos pensam, ser cristão é ser livre. É ter a maior liberdade para transitar por esse mundo “freak” e ser mais “freak” ainda, ao poder fazer o que quisermos e bem entendermos, mas com a diferença de não termos a menor necessidade de fazer qualquer coisa para parecermos livres. Se tem uma frase que explica bem essa bagunça organizada é “a sabedoria humana é loucura aos olhos de Deus e a sabedoria de Deus é loucura aos olhos humanos”.
Ok, talvez eu seja louca e nem seja deste mundo. Mas qual o problema em ser louca em um mundo tão insano como o de hoje, não é mesmo? Dizer que o cristianismo é loucura aos olhos do mundo talvez não faça tanta diferença no meio do vale-tudo atual. Mas posso dizer que essa loucura, esse “barato” não é algo transitório, como a moda, como um estilo musical, como uma corrente teórica, como uma descoberta científica. É algo que, se vivido em verdade e em espírito, é eterno, e só pode ser realmente conhecido, se vivenciado. É, meu querido, o negócio é muito mais empírico do que você imagina. É viver pra crer.
Assim como a guria do texto, eu também gostaria de “atacar a hipocrisia... também não aturo falso moralismo”, mas, se a essência do cristianismo é Jesus Cristo, prefiro tentar seguir os seus passos pelo viés do Amor. Esses serão os meus berros e chutes revoltados.
A real é que tudo é muito mais simples do que imaginamos. Mas o ser humano tem dificuldade em ser simples. Como ouvi de um colega um dia: “Jesus nos disse para regar o jardim. A gente vai lá, limpa a casa toda, lava a louça, deixa o piso brilhante. Jesus fica feliz, é claro. Mas aí ele pergunta: você regou o jardim?”.
Béeeeeeee, estamos fazendo o essencial?
Quero pertencer a uma geração que exala o bom aroma de Cristo para o mundo e não o odor de uma sociedadezinha em estado de decomposição.
Quero saber que, de alguma forma, a vida dos cristãos – a minha inclusive – contribui para que jovens, como a do texto, possam se libertar sim, colocar seus desejos reprimidos pra fora. Pra fora de suas vidas e pra que possam gritar, um grito de alegria verdadeira, um grito que liberta e não destrói, não mutila, não adoece, não deprime. Quero que o vazio dessas pessoas seja preenchido com o que as pode suprir, e não com ídolos falhos.
Quero saber que o Corpo de Cristo, nós mesmos, os cristãos, pequenos Cristos como a própria palavra diz, espelha a verdadeira “Imago Dei”. Quero que jovens como a do texto possam sentir o prazer inigualável da doce presença do Espírito de Deus em suas vidas. Que possam conhecer Aquele Homem, Jesus. Aquele que, de maneira absurdamente maravilhosa, nos eleva a lugares altíssimos com o simples Toque do Seu Amor.
“E conhecereis a Verdade, e a verdade vos libertará”.
Sem demagogias, sem hipocrisia, sem discuro pré-concebido. Mais Jesus, menos religião!
24.9.07
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2 comentários:
Falou tudo, Mary. Assim como o texto abaixo me incomodou muito, o seu texto me tocou de verdade. Me relembrou (como precisamos sempre) de como somos livres tendo Jesus Cristo vivendo em nós. E Graças a Deus por isso!
Sinto que vou aprender muito nesse blog ainda... :-)
Beijos
Guto
"mas, se a essência do cristianismo é Jesus Cristo, prefiro tentar seguir os seus passos pelo viés do Amor. Esses serão os meus berros e chutes revoltados."
to com vc nessa!
vamo que vamo!
bjoca
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