27.10.08

Taí...

O problema de relacionamento entre homem e mulher hoje em dia é o medo. Podem negar, xingar, dizer que é o mercado de trabalho ou a liberdade excessiva, mas não é: o problema é o medo que passamos a ter delas e que elas têm de nós.

Antes, ambos éramos mais submissos – mesmo os autoritários maridos e os pais severos. O chefe de família, quando mandava, estava seguindo regras fixas de comando, desempenhando um papel claro; a mulher obedecia e sofria, se dissolvia numa eterna infelicidade. Era um papel também.

Hoje, não há papéis. É o lobo que come a Chapeuzinho Vermelho, ou a Chapeuzinho quem come o lobo? Ninguém sabe.

Temos medo de muito amar e sermos pouco amados. Temos medo de entregar os pontos e de que nos entreguem também.

Antes, tínhamos prazos. Regras. Tempo. Hoje, o amor dura quanto tempo? Para as celebridades, um mês na coluna social. E para os outros? O tempo de um desejo? O tempo do ardor sexual? Mas o sexo, no Brasil principalmente, anda muito fetichizado, exagerado, proclamado em todas as revistas.

Tanta é a demanda sexual que temos medo de perder o amor pela angústia do desempenho sexual. O homem quer ser uma Ferrari; a mulher quer ser um avião de silicone. Aí pinta o pânico de sermos rejeitados. Um com medo do outro.

Isso, claro, além das neuroses tradicionais, clássicas de carência e rejeição. Em suma, está dramático esse tal de relacionamento entre homem e mulher. Mas está mais divertido, mais emocionante.

Está mais emocionante. É melhor que antes, aquele bode preto da clareza e da segurança.

Arnaldo Jabor


"E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele.
Nisto é perfeito o amor para conosco, para que no dia do juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos nós também neste mundo.
No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor." I João 4:18


Que seja real.

19.10.08

Fruto madurinho, é só pegar!

...Olha a barraca da banana, do pastel, do verdureiro.
Quero peixe fresco, erva batuta, será que é bom levar?
Caldo-de-cana pra molhar o bico, nem precisa perguntar!...

...Me vê aí uma porção das bênçãos, mas bem caprichada, faça o favor
quero também um pouco de língua, qualquer delas, meu senhor.
Vitórias, sim, vitórias, dessas me veja uma dúzia.
E pra arrematar, o top louvorzão e revista devocional!...

Bóra pra casa, que agora é hora de testar
Toda essa parafernalha atraente que oferecem a nós crentes.
Eita cd abençoado, livro ungido, jogo inteligente!

Mas que diacho de barulho é esse, tenha santa paciência!?
Deve ser a praga da vizinha com aquela furadeira,
“Florzinha, poderia, por favor, parar com essa porcaria de interferência?”

Pô, to cansada, essa menina me irrita.
Essa dor que não me deixa e ele que não liga
Até quando vai essa praga de vida?

Venham cá meus livros, cds, textos e guarda-roupa,
Já pra cá, todos vocês, para os meus braços
Sim, vocês, já que me falta tanto aquele abraço.

...Fruto do Espírito?
dessa tal fruta eu não me lembro lá na feira não
nem na lojinha gospel ali naquele quarteirão.

É pra ver ou pra comer?


Fruto do Espírito (Gálatas 5:22) - é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.

12.10.08

O sertão vai virar mar

Qualquer dependência, quando identificada, dava-lhe a sensação de calafrios.
Poderia ter a liberdade de não gostar de depender de sentimento ou alguém?

Agradecida.

Talvez não fosse bem dependência a palavra, mas aquela coisa que de tempos em tempos – e com o passar do tempo vai diminuindo o intervalo de tempo -
te lembra que existe ali dentro de você e apita: aí a mente voa.
Vai pro espaço mesmo, e o wake up: “volta aqui, mundo real, foco”.

Uma lástima, ela diria.
Sim, porque aí é aquele beco de indecisão.

"Oras bolas, até a pouco eram só eu e meus problemas filosóficos, teóricos,
Empíricos, melancólicos, reclamões, divinos, alegres, engraçados, mas meus!
Era só Deus e eu."

E mesmo que preces claramente gritassem “mudanças!”
Assim ela não entende, e se não entende, não quer (?!)

Agora não. Vejam só.

Isso deveria acontecer mediante licença, licitação que fosse.
“por favor, com licença, há alguém em casa, posso entrar?”

"Quando foi que ouvistes o pedido secreto?

E o que fazer com o não-gostar de gostar?
Há de se criar uma grande compensação,
senão, aviso, não dá jeito."

E aí fica assim, nesse sabe e não-sabe
Nesse imbróglio danado.

"É o diacho de querer ter tudo sob controle, sei que é."
A falsa idéia de segurança em ter tudo nas mãos.
O achar que sabe e saber que não sabe.
Medo danado, gato escaldado.

Mas não culpe a pobre pequena,
São coisas das circunstâncias, da eterna busca pela perfeição.
A verdade é que ela nada sabe e espera descobrir em companhia,
Fazer do teórico lírico, e da realidade uma que inspire encenação.

Por isso não se incomode com toda essa estranheza,
Lá no fundo há simples resolução.
Tudo que é duradouro é regado com suor e lágrimas,
E toda conquista pressupõe muita ação.